sábado, 14 de fevereiro de 2004

o amor chegou e eu nem o reconheci. o dia era ordinario, a situacao era besta. passeava o cachorro da minha chefe - choveu. entrei num cafe para me abrigar. pedi um expresso duplo. o cara atras do balcao parecia um filme e eu achei que ja que era primavera e ja que eu nao estava fazendo nada mesmo, alem de trabalhar, podia brincar de flerte. eis-me aqui, louca, apaixonada, nove meses de relacionamento depois, roendo as unhas, o coracao batendo recordes, o coracao triatleta, um abraco imenso guardado dentro do corpo que quase o arrebenta, contando os dias para a chegada do meu amor, do objeto do meu amor, da razao da minha pressa, da razao da minha calma, do inquilino de minha alma. vou leva-lo a passeios bonitos, planejo varias horas de ocio em seus bracos, o por-do-sol no porto da barra enquanto os barcos de pesca requebram no mar contido. um maltado de coco na cubana da praca municipal, um dia no abaete, dois dias em cachoeira, um dia no flamengo, um dia moraremos em paris. ele vai chegar. eu rezo para que so de ve-lo nao me fuja todo o folego, que eu pretendo gasta-lo num saque de beijos violetas com inscricoes prateadas: eu te amo, meu amor, quanto tempo... a tanto tempo te amava, pena que nao te conhecia... quantas camas erradas, meu amor, quantas bocas sem palavras, quantos retornos pra casa pelas noites periculosas... quantas tacas de vinho, amor, de pessima qualidade... quantos arrependimentos, quantas paixoes dissipadas... se eu soubesse onde era tua casa e que ela seria a minha... o amor, amor, eh um cliche barato...